A seguir, um interessante artigo com data de 2007, publicado em um jornal local:
"É impossível não pensar nos rumos que a Sétima Arte vem tomando nos últimos tempos. Quem corre os olhos na programação das grandes salas sabe que os blockbusters imperam.O cinema de arte, a muito custo, resiste em salas pequenas e de baixa frequência do público. E na TV essas produções perderam espaço há muito tempo.
Quem zapeia atrás de bons filmes na TV sabe não dá para fugir muito do óbvio. Na TV a cabo, garimpando muito, os assinantes até conseguem encontrar alguma coisa diferente, mas para quem só tem TV aberta, o jeito é se conformar com fitas de muita ação e aventura, ou seja, rajadas de tiros intermináveis e uma profusão de efeitos especiais. No fim, a pessoa está tonta. E às vezes nem consegue contar a história do filme... Não tem história.
Se fogem do estilo "ação e aventura", os filmes da telinha dificilmente escapam do gênero "comédia besteirol" ou "suspense/terror". Na Globo, recentemente, o cinema nacional tem ganhado espaço. Ela abriu uma faixa em sua programação aparentemente para divulgar as produções da Globo Filmes. Mas o cinema de arte continua fora da programação da TV aberta.
Portanto, quando assistiram pela telinha as notícias das mortes do sueco Ingmar Bergman e do italiano Michelangelo Antonioni, os telespectadores provavelmente não entenderam que o mundo estava perdendo dois de seus maiores cineastas. Talvez até tenham ouvido os repórteres e apresentadores mencionarem o fato, mas não conseguiram fazer nenhuma associação com alguma coisa que conhecessem.
Quem assiste filmes na TV corre o risco de jamais ter assistido a uma produção de Antonioni ou mesmo de Bergman, que chegou a realizar filmes especialmente para a TV, como o clássico Cenas de um Casamento, que depois chegaria à tela grande. O diretor sueco, aliás, não tinha preconceito com a telinha e foi autor de outras séries televisivas, como Bild-makama (Os construtores de Imagens), em 2000; Larmar och gör sig till (Na Presença de um Palhaço), em 1997; Sista skriket, em 1995; Backanterna, em 1993 e Markisinnan de Sade, 1992.
Já faz muito tempo que a TV enterrou Antonioni e Bergman. O último filme do sueco, Saraband, 2003, aliás não chegou nem às telas do cinema comercial, sendo exibido apenas em cineclubes e lançado diretamente em DVD. Será que o povo prefere O Exterminador do Futuro I, II e III ou isso é o que a indústria cinematográfica está disposta a oferecer e as emissoras de TV querem adquirir?" Falou!
No que tange aos cineastas mencionados no artigo em questão, aproveito para ressaltar a admirável trilogia de Antonioni: La Aventura-A Aventura-1960, La Notte-A Noite-1961 e Le Eclisse-O Eclipse-1962, bem como a caprichosa produção Smultronstället-Morangos Silvestres-1957, de Ingmar Bergman.
Michelangelo Antonioni (1912-2007) - Ingmar Bergman (1918-2007).
"É impossível não pensar nos rumos que a Sétima Arte vem tomando nos últimos tempos. Quem corre os olhos na programação das grandes salas sabe que os blockbusters imperam.O cinema de arte, a muito custo, resiste em salas pequenas e de baixa frequência do público. E na TV essas produções perderam espaço há muito tempo.
Quem zapeia atrás de bons filmes na TV sabe não dá para fugir muito do óbvio. Na TV a cabo, garimpando muito, os assinantes até conseguem encontrar alguma coisa diferente, mas para quem só tem TV aberta, o jeito é se conformar com fitas de muita ação e aventura, ou seja, rajadas de tiros intermináveis e uma profusão de efeitos especiais. No fim, a pessoa está tonta. E às vezes nem consegue contar a história do filme... Não tem história.
Se fogem do estilo "ação e aventura", os filmes da telinha dificilmente escapam do gênero "comédia besteirol" ou "suspense/terror". Na Globo, recentemente, o cinema nacional tem ganhado espaço. Ela abriu uma faixa em sua programação aparentemente para divulgar as produções da Globo Filmes. Mas o cinema de arte continua fora da programação da TV aberta.
Portanto, quando assistiram pela telinha as notícias das mortes do sueco Ingmar Bergman e do italiano Michelangelo Antonioni, os telespectadores provavelmente não entenderam que o mundo estava perdendo dois de seus maiores cineastas. Talvez até tenham ouvido os repórteres e apresentadores mencionarem o fato, mas não conseguiram fazer nenhuma associação com alguma coisa que conhecessem.
Quem assiste filmes na TV corre o risco de jamais ter assistido a uma produção de Antonioni ou mesmo de Bergman, que chegou a realizar filmes especialmente para a TV, como o clássico Cenas de um Casamento, que depois chegaria à tela grande. O diretor sueco, aliás, não tinha preconceito com a telinha e foi autor de outras séries televisivas, como Bild-makama (Os construtores de Imagens), em 2000; Larmar och gör sig till (Na Presença de um Palhaço), em 1997; Sista skriket, em 1995; Backanterna, em 1993 e Markisinnan de Sade, 1992.
Já faz muito tempo que a TV enterrou Antonioni e Bergman. O último filme do sueco, Saraband, 2003, aliás não chegou nem às telas do cinema comercial, sendo exibido apenas em cineclubes e lançado diretamente em DVD. Será que o povo prefere O Exterminador do Futuro I, II e III ou isso é o que a indústria cinematográfica está disposta a oferecer e as emissoras de TV querem adquirir?" Falou!
No que tange aos cineastas mencionados no artigo em questão, aproveito para ressaltar a admirável trilogia de Antonioni: La Aventura-A Aventura-1960, La Notte-A Noite-1961 e Le Eclisse-O Eclipse-1962, bem como a caprichosa produção Smultronstället-Morangos Silvestres-1957, de Ingmar Bergman.
Michelangelo Antonioni (1912-2007) - Ingmar Bergman (1918-2007).
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