Em 1887, um certo cidadão do Estado de Ohio chamado Horace Henderson Wilcox, que fizera fortuna no mercado imobiliário no Kansas, comprou um terreno de muitos hectares na ensolarada Califórnia e começou a traçar largas ruas e avenidas através dos campos de cevada nos arredores de Los Angeles. Sua esposa, a senhora Daeida Wilcox, encantada com a topografia do lugar, plantou vários arbustos de azevinho, de flores alvas e folhas onduladas, que mandara vir da Inglaterra, e batizou aquele território rural com o nome de Hollywood, ou Bosque de Azevinhos.
Anos depois, produtores independentes, diretores, distribuidores, modestos proprietários de Nickle Odeons (salas de exibição de um níquel de entrada), atraídos pela beleza natural da Califórnia, deslocavam-se, pouco a pouco, de Nova Iorque, Chicago e Filadélfia, onde começou o cinema ianque, para instalar-se na jovem e cobiçada Hollywood. Eram microempresários estrangeiros, na maioria imigrantes judeus e outros procedentes da Europa, parecidos com aqueles aventureiros em busca do ouro da Califórnia. Esses aventureiros porém, estavam atrás de outro negócio bem lucrativo: o cinema, que veio ao mundo em 1895. Os caçadores de fortuna chamavam-se Jesse Lasky, Carl Laemmle, Adolph Zukor, Jack L. Warner, Harry Cohn, Louis B. Mayer, Marcos Loew, William Fox, Joseph Schenck, Lewis J. Selznick, pai do produtor David O. Selznick, Edwin S. Porter, Thomas Harper Ince, Cecil B. DeMille entre outros, que aos poucos foram estabelecendo seus negócios nas terras loteadas pelo senhor Wilcox.
Com efeito, esses imigrantes de origens diversas, com anseios desmedidos de fazer cinema, tornaram-se grandes produtores, diretores e magnatas de Hollywood. Figurões que tinham também suas peculiaridades. Possuíam características marcantes, de temperamento instável e comportamentos extravagantes.
Otto Friedrich, em sua brilhante obra literária City of Nets-A Portrait of Hollywood in the 40's (A Cidade das Redes-Hollywood nos anos 40), descreve que o mandachuva e caçador de talentos da MGM, Louis B. Mayer, que durante anos foi o homem mais bem pago do cinema, uma vez agrediu e derrubou Charlie Chaplin, por falar desrespeitosamente de sua própria ex-mulher; agrediu Erich von Stroheim, que disse que todas as mulheres são putas. No filme da Paramount Pictures, Sunset Boulevard, de Billy Wilder, a passagem famosa Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos, irritou os chefões de Hollywood, que não gostaram da produção, e Louis B. Mayer bradou, soltando os cachorros em Billy Wilder: Seu miserável, você desgraçou a indústria que o fez e sustentou. Você devia ser coberto com alcatrão e penas e ser expulso da cidade de Hollywood. Friedrich descreve também que, após o documentário da Columbia Pictures, feito em 1933, com o título de Mussolini Speaks (O Discurso de Mussolini), narrado por Lowell Thomas, o chefão Harry Cohn foi a Roma receber uma medalha pelo trabalho. De volta, Cohn pendurou na parede uma foto autografada do ditador e redecorou o escritório no estilo Mussolini. Sua mesa ficava em cima de um tablado para que ele pudesse examinar os visitantes.
Crepúsculo dos Deuses-1950 |
Naquela época, antes, durante e depois do período pós-guerra, o quadro de talentos importados aumentava consideravelmente na capital do cinema. Espanhóis, mexicanos, suecos, húngaros, italianos, alemães, australianos, franceses e dentre outros tantos, que emigraram de suas terras para buscar fama em Hollywood, citamos também a cantora e atriz luso-brasileira Carmen Miranda (1909-1955), que partiu do Rio de Janeiro, em 1939, para o Bosque de Azevinhos, onde mostrou seu talento em filmes da Fox, MGM e Paramount.
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