Noite dessas ocupei o aparelho de som para ouvir o clássico Scheherazade, do primeiro ao quarto movimento (O Mar e o Navio de Sinbad, Príncipe Kalender, Jovem Príncipe e a Jovem Princesa e Festival de Bagdá), do compositor russo Rimsky Korsakov (1844-1908), com a Royal Philharmonica Orchestra, sob a regência de James Walker. Os quatro movimentos do clássico de Korsakov, são temas de As Mil e Uma Noites, a obra mais célebre da literatura árabe, de autor desconhecido, com 1.001 histórias extraordinárias e encantadoras, que incluem aventuras, contos e fábulas, narradas com sabedoria e muita imaginação.
Faz tempo que mergulhei nessa obra notável em cinco volumes. Assim sendo, passo a traçar, em linhas sucintas, a origem das histórias das Mil e Uma Noites, e o sucesso alcançado no cinema.
Conta a lenda que, há muitos e muitos anos, na antiga Pérsia (atual Irã), o poderoso sultão Schariar reinava absoluto na cidade de Samarcanda. Certo dia, ao chegar no palácio, foi direto para o seu aposento abraçar a favorita esposa a quem amava muito; porém, qual foi o seu espanto quando viu um homem em seus braços. Ficou imóvel por alguns instantes, sem saber se deveria acreditar no que via. De repente, o enfurecido e ultrajado soberano puxou do seu sabre e matou os dois, em seguida pegou o corpo da infiel esposa e do amante e jogou no fosso que cercava o palácio. O sultão decidiu não confiar em mulher alguma. Para evitar infidelidade, se casaria com uma jovem a cada noite e, no dia seguinte, pela manhã, ordenaria a sua execução. Schariar sacrificou muitas mulheres, espalhando pavor em todo o seu reino.
A filha mais velha do grão-vizir, a formosa Scheherazade, de grande erudição, que alcançou bom êxito na filosofia, na medicina, na história e nas artes, armou um plano para acabar de vez com a matança de mulheres. Contra a vontade de seu pai casou-se com o sultão. Na primeira noite a sultana usou de um estratagema para atrair a atenção do soberano. Com sua voz branda, começou a contar ao seu marido, a história do Mercador e o Gênio. Passadas algumas horas, Scheherazade, percebendo que já amanhecia, e sabendo que o sultão se levantava muito cedo para fazer sua oração e presidir a seu conselho, cessou de prosseguir o seu conto na melhor parte e disse: Já é manhã, meu senhor! Encantado com a narrativa e curioso para saber o epílogo, Schariar não ordenou a sua execução naquela manhã, mas disse consigo: Esperarei até amanhã. Eu a mandarei matar depois de ter ouvido o fim da sua história.
Deu-se, porém, que o sultão teve que protelar mais de uma vez a morte da sultana, visto que a história do Mercador e o Gênio chegou ao fim em oito noites. Em seguida, a ardilosa sultana e sua estratégia de interromper os seus contos na melhor parte sempre deixando para continuar na noite seguinte com o fim de captar a curiosidade do sultão e permanecer viva, deu começo a outra narrativa, que prende irresistivelmente a atenção, a história do Pescador e o Espírito Rebelde.
Sedutora, noite após noite, Scheherazade envolveu o seu soberano com longas e empolgantes narrativas de Sinbad, o Marujo, do califa de Bagdá Harum Al Raschid, do poeta, matemático e astrônomo Omar Khayyam, dos Três Kalenderes Filhos de Sultões, do Ladrão de Bagdá, de Ali Babá e os Quarenta Ladrões, de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, de bruxos, tapetes mágicos, cavalos alados e muitas outras, que foram contadas em 1.001 noites.
The Thief of Baghdad-O Ladrão de Bagdá-1940, dos diretores Ludwig Berger, Michael Powell e Tim Whelan, produzido por Alexander Korda, com música de Miklos Rozsa, iniciado na Grã-Bretanha e terminado em Hollywood, em razão da Segunda Grande Guerra; Ali Baba and the Forty Thieves-Ali Babá e os Quarenta Ladrões-1944, de Arthur Lubin, Kismet-1944, de William Dieterle, A Thousand and One Nights- Mil e Uma Noites-1945, de Alfred E. Green, Son of Ali Baba-O Filho de Ali Babá-1952, de Kurt Neumann, The Golden Blade-A Espada de Damasco-1953 e The Seventh Voyage of Sinbad-Sinbad e a Princesa-1958, ambos de Nathan Juran, The Life, Loves and Adventures of Omar Khayyam-A Vida, os Amores e Aventuras de Omar Khayyam-1957, de William Dieterle, 1001 Arabian Nights (cartoon com Mr. Magoo) 1959, 76 min., de Jack Kinney, Thief of Baghdad- As Aventuras do Ladrão de Bagdá-1961, de Arthur Lubin, The Golden Voyage of Sinbad-As Viagens de Sinbad-1974, de Gordon Hessler e as produções animadas de Aladdin and His Wonderful Lamp-Aladim e a Lâmpada Maravilhosa.
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