O MAGO DO CINEMA





Le Voyage dans la Lune-A Viagem à Lua

Em 28 de dezembro de 1895, no Salão Indio, situado no subsolo do Grand Café, no Boulevard de Capucines, 14, em Paris, foi apresentado ao público o Cinematógrafo, aparelho inventado pelos irmãos Louis e Auguste Lumiére (1864-1948 e 1862-1954) capaz de projetar na tela com perfeição e nitidez imagens de pessoas e veículos se movendo. O cinema (do grego kynema), que significa movimento, despertava para o mundo. Um cartaz colocado na entrada do Grand Café, anunciava os primeiros filmes da história do cinema: "A Saída dos Operários das Empresas Lumiére", "A Chegada do Trem na Estação", "A Briga de Crianças", "O Regador Regado", "O Jogo de Cartas", dentre outros, num total de dez filmes do gênero documentário com a duração de dois minutos cada um.
O parisiense Marie Georges Jean Méliès, prestidigitador de circo, de teatro e de parque de diversões, assistiu à primeira sessão cinematográfica dos Lumiére e ficou encantado com o invento.
Méliès tentou comprar a patente do aparelho, mas a proposta foi negada.
Formado na escola de fantoches mecânicos do mágico Robert Houdini e com conhecimentos de física e mecânica, Méliès  não se deu por vencido.
Ele mesmo desenhou a câmera, comprou filmes virgens e fez com que fossem perfurados nas laterais. Com a réplica do projetor, uma filmadora e películas virgens, o ilusionista pôs mãos à obra e coroou o cinema com inovações extraordinárias para os padrões da época.
Em outubro de 1896, Georges Méliès inaugura em sua propriedade situada em Montreuil-sous-Bois, um subúrbio a leste de Paris, seu primeiro estúdio de cinema. Vale lembrar que os Lumiére não tinham estúdios; o cinema deles se desenvolvia ao ar livre, enquanto Méliès fazia o seu cinema entre quatro paredes.
O entusiasta pela arte do cinema produziu dezenas de filmes; o mais famoso deles foi Le Voyage dans La Lune-A Viagem à Lua-1902, filme enredo com brilhante roteiro, plástica perfeita e a trucagem, que hoje conhecemos como efeito especial.
A fantasmagoria do mago do cinema se deve à sua mais notável descoberta: o truque cinematográfico. Méliès conta como ele aplicou a trucagem no cinema: Certo dia, quando filmava numa praça de Paris, minha câmera emperrou, a fita recusava a avançar. Gastei alguns minutos para colocar o problema em ordem e pôr a câmera para funcionar de novo. Parte da cena que filmei foi perdida e teve de ser cortada. Ao reproduzir o material, observei um fato curioso, um ônibus que havia filmado se transformou num carro e os homens que estavam na frente da câmera passaram a ser mulheres.
É claro que isso aconteceu pela falta da parte da cena, que foi perdida e cortada. Para um ilusionista, esse processo foi bem oportuno e ele criou depois personagens sem cabeça, pessoas o objetos aparecendo e desaparecendo no ar etc.
Méliès foi também desenhista e caricaturista; produziu uma série de curtas-metragens, muitos deles coloridos à mão por ele próprio, nos quais, na maioria das vezes, ele mesmo representava os personagens.
Algumas produções de sua extensa filmografia feitas na primeira década do século considerada como a Belle Époque:  "Barba Azul"-1901, "Anão e Gigante"-1901, "O Milagre de Madona"-1901, "A Dançarina Microscópica"-1902, "O Rei da Maquiagem"-1904, "Chin Chan Hong, o Taumaturgo Chinês"-1904, "As Cartas Vivas"-1905,
"Cartazes Bem Humorados"-1905, "Um Locatário Diabólico"-1909 etc.
Uma das principais protagonistas de quase todos os seus filmes foi Mademoiselle Jehanne D'Alcy, a primeira estrela do cinema francês, que mais tarde, em 1927, veio a ser sua esposa.
Charlie Chaplin, quando se referia a Méliès, dizia: esse alquimista da luz...
Em 1928, Méliès é encontrado numa estação de Montparnasse, zona sul de Paris, atrás de um balcão vendendo bugigangas para o diretor de uma revista de cinema, com as marcas da velhice, rugoso, calvo, de bigode e barbas brancas.
O mago do cinema Marie Georges Jean Méliès,  morre em 21 de janeiro de 1938, deixando uma vasta filmografia, cerca de mais de mil filmes, sendo que duzentos, que estavam perdidos, foram encontrados e restaurados.
O filme The Invention of Hugo Cabret-A Invenção de Hugo Cabret-2011, de Martin Scorsese, é uma bela homenagem ao mago do cinema, interpretado pelo ator inglês de origem indiana Ben Kingsley, com o nome verdadeiro de Krishna Banji.
Georges Méliès (1861-1938)

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