O notável comediante britânico, também diretor, produtor e compositor Charlie Chaplin (1889-1977), que em 1954 recebeu em Berlim o Prêmio Internacional da Paz e em 1975 as honrarias da Coroa Britânica com o título de Sir, mostrou com veemência a sua repulsa aos talkies e, num incisivo depoimento para a revista Motion Picture Herald, ele declara:
Os talkies? Diga-lhes que os detesto. Vêm a esmagar a arte mais antiga do mundo, a arte da pantomima. Vêm aniquilar a grande beleza do silêncio. O filme falado entra em choque com as tradições da pantomima que com tanto custo procuramos estabelecer na tela, o falado destrói a técnica que adquirimos. A objetiva não registra palavras, mas pensamentos. Pensamentos e emoções. O público aprendeu o alfabeto dos movimentos, a poesia do gesto... Não me servirei da palavra em meu novo filme City Lights. Não me servirei dela jamais. Para mim, isso seria fatal. Chaplin não dispensa dar uma alfinetada nos seus companheiros de trabalho dizendo: Não compreendo como artistas que poderiam dispensá-la perfeitamente, como é o caso de Harold Lloyd, a ela recorrem. Servir-me-ei, entretanto, do acompanhamento musical sincronizado e registrado... Isto é outro assunto e tem para nós uma importância e interesse inestimáveis. Muita gente que até agora não ouviu música de verdade, irá ouvi-la no cinema.
O pertinaz Chaplin cumpriu o que dissera. Em plena era do cinema falado, ele fez dois filmes apenas com música: City Lights-Luzes da Cidade, de 1931 e em 1936 Modern Times-Tempos Modernos.
Carlitos, no entanto, levanta a bandeira branca e se rende aos talkies treze anos depois de "O Cantor de Jazz", em sua primeira obra falada The Great Dictator-O Grande Ditador-1940, um filme anti- Hitler com duplo papel de Chaplin, a imitação hilariante do Führer, e o personagem de um barbeiro judeu.
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