THE WILD BUNCH

 O western The Wild Bunch-Meu Ódio Será Sua Herança, produção de 1969, dirigido por Sam -Peckinpah é, no meu parecer,  um dos melhores filmes do gênero da década de 1960. Trata-se de um perfeito trabalho de Peckinpah que ganhou fama pelas cenas antológicas dos assaltos, realçadas com tiroteios em câmera lenta, flashbacks e a presença da brilhante música de Jerry Fielding.  

David Samuel Peckinpahi (1926-1984)

A ação  se passa no território do México do século XX, quando da ditadura militar violentamente repressiva, imposta pelo governo do Presidente Victoriano Huerta. O filme começa com a chegada de bandidos vestidos com uniformes do exército e cometem um primeiro assalto ao escritório de uma ferrovia da Wells; Fargo, em Pecos, sul do Texas e fogem para o México debaixo de um intenso tiroteio. Lá, após fracassarem no primeiro assalto, planejam, durante a Revolução Mexicana, roubar um trem com armamento militar, a mando de um general mexicano que, em troca, oferece-lhes muito dinero em moedas de ouro.

O massacre final e a espetacular linguagem cinematográfica, é o ponto alto desta impecável produção com duração de 142 minutos.

Peckinpah escalou um elenco de veteranos encabeçado por William Holden, Ben Johnson, Warren Oates, Ernest Borgnine e ainda Robert Ryan, Edmond O'Brien, Afonso Arau, Emilio Fernandez como general Mapache e Jaime Sánchez.

Da direita para a esquerda Ernest Borgnine, William Holden, Warren Oates e Ben Johnson 

UM POUCO DE HISTÓRIA

O México do patriota Benito Pablo Juarez (1806-1872), do general golpista Victoriano Huerta (1854-1916), do ditador Antonio Lopez de Santa Anna (1795-1876) e dos rebeldes Emiliano Zapata (1883-1919) e Francisco Doroteo Arango, mais conhecido como Pancho Villa (1877-1923).

Em 1913, Huerta dá o golpe de estado no governo do Presidente Francisco Indalecio Madero (1873-1913). Madero é despojado e fuzilado. Huerta torna-se o seu sucessor.

País que faz fronteira com o Texas, o México foi palco de muitas lutas dos rebeldes revolucionários Villa e Zapata contra as forças republicanas de Huerta, visto que esses revolucionários reivindicavam várias reformas no país, sobretudo com relação à distribuição de terras. Isoladamente, havia conflitos entre mexicanos e gringos caçadores de recompensa, mercenários e foras da lei. Em 1915, Huerta perde o poder e é executado no ano seguinte.

Venustiano Carranza(1859-1920) assume a presidência apoiado por Villa e Zapata.
O México, diga-se de passagem, em épocas anteriores, visava pela posse do território do Texas. Antonio Lopez de Santa Anna é eleito em 1832 Presidente da República do México, instala um regime ditatorial e toma a decisão de reprimir os neo-texanos. Em 1836, Santa Anna luta pela posse do Texas, na histórica batalha do Álamo que massacrou cerca de duzentos americanos.

A represália dos americanos não demorou muito. Em abril do mesmo ano, na batalha em San Jacinto, sudeste do Texas, o exército mexicano é surpreendido  e massacrado  pela numerosa tropa de Samuel Houston. O até então invencível Santa Anna é capturado aos gritos de Lembrai-vos do Álamo! 

Antonio Lopez de Santa Anna, para reaver a sua liberdade, assina um tratado reconhecendo a independência do Texas. O governo do México, não admitindo como certa a legitimidade do tratado despoja Santa Anna da presidência. 

Em 1845, no governo do Presidente James Knox Polk (1795-1849), o território texano anexou-se aos Estados Unidos da América.
O episódio da batalha do Álamo foi recriado nas telas sob a produção e direção do saudoso ator John "Duke" Wayne (1907-1979) com o título de The Alamo-1960. Na época houve a notícia que essa produção foi muito malhada pela crítica norte-americana, o que, na verdade, não passou de um acerto de contas com Wayne por razões políticas, visto que fora das telas Duke era um adepto ao Partido Republicano que participara ativamente da campanha eleitoral de Richard Nixon (1913-1994), eleito em 1969 Presidente dos Estados Unidos, além disso era partidário da Guerra do Vietnã, que ocorreu entre 1955 e 1975.